Ordem do Dia 12/06/25

Como dizem na minha terra: Bolsonaro "cantou de galinha" no depoimento que concedeu no STF. 
Diante o órgão que sempre desprezou - e combateu - piou baixo. 

Pediu desculpas ao Xandão, convidou-o para compor chapa com ele, não apresentou provas às suas críticas, sempre  genéricas, às urnas eletrônicas e disse que ponderava ações "dentro da lei". Que ações? Correu feio. 

Xandão, sua Nêmesis, chegou a ser bajulado. Que vergonha. Assim como não liderou seus seguidores e fugiu para os EUA, Bolsonaro não sustentou suas ideias, que por anos cultivou, abandonando-as, sem citá-las. Assim como abandonou aliados, desde Bebiano.  

Negou o golpe, mas itiu as provas que consolidam a narrativa do golpe tentado. Seria quase uma confissão. Difícil de entender essa tática.  

O "cavalão" tentou fingir de égua. Assim como os outros réus. Mas o canto da galinha prevaleceu. Haverá ovos? É o que falta. 

A extrema direita, outrora temida, articulada, desafiadora e perigosa, mostrou uma face pouco viril. 
Não defenderam as próprias ideias. Preferiram subterfúgios, assim como réus comuns. Só faltou dizerem "eu sô inocente, dotô delegado". 

Os demais acusados miraram-se no exemplo do próprio Bolsonaro quando, ainda no Exército, foi julgado pela Corte militar. Pediu penico e preferiu a baixa desonrosa a defender seu legado. Saiu do Exército pelas portas dos fundos e seguiu carreira política. 

O acaso fez dele uma referência. Mas, posto à prova, repetiu o antigo repertório. E ao confessar discutir estratégias jurídicas para impedir a posse de Lula, com chefes militares, que tipo de providência esperava? 

Forjar uma espécie de "Agravo de Instrumento"? Ou lograr um instrumento armado para um "agravo"?
Os únicos que mostraram coragem e determinação, convictos de si mesmos, foram os amalucados do Dia 8 de janeiro. 

Todavia, os abandonaram à própria sorte. E depois os conduziram ao abate. Bolsonaro classificou esses auto-intitulados  "patriotas", que clamam por uma intervenção militar, de "malucos". Provavelmente são. Principalmente se tiverem o ex-presidente como seu líder.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito istrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: [email protected]